EM CASA James Hunt, quando piloto da equipe Hesketh de Fórmula 1, junto das coisas que mais apreciava: carros e belas mulheres
No rol dos 31 pilotos que já conquistaram o título da Fórmula 1, há homens de personalidades as mais variadas – de um afável fazendeiro escocês, Jim Clark, a workaholics nascidos para pilotar, como Ayrton Senna. Poucos perfis, porém, são tão curiosos quanto o do inglês James Hunt (1947-1993). Campeão uma única vez, quase por acidente, em 1976, Hunt é o objeto de uma nova biografia que causou furor no Reino Unido ao descrevê-lo como um incansável mulherengo, conquistador de improváveis 5 mil mulheres.
O biógrafo Tom Rubython conta que Hunt se “preparou” para o Grande Prêmio que lhe deu o título dormindo com 33 aeromoças na suíte de um hotel de Tóquio (nem todas na mesma noite). Alto, loiro, voz grave, Hunt seduzia fãs, top models e repórteres, segundo Rubython. Gostava de beber: às vezes vomitava antes das corridas e um dia, de ressaca, não hesitou em encostar o carro na beira da pista.
Hunt firmou reputação como o mais bem-acabado exemplo do piloto playboy. Sem ter o talento de contemporâneos como Niki Lauda e Emerson Fittipaldi, cavou seu espaço com um estilo temerário, que lhe rendeu o apelido trocadilho The Shunt, título da biografia (shunt é uma gíria inglesa para “colisão traseira”). Foi mediano nas categorias de acesso à Fórmula 1 e não teria sido campeão sem uma dose de sorte. Em 1973, um lorde inglês, bon vivant como ele, resolveu montar uma equipe e lhe deu um assento. Três anos depois, Emerson decidiu correr em sua própria escuderia e saiu da McLaren – que, pega de surpresa, contratou o único piloto disponível naquele momento: Hunt. De repente, ele se viu em um carro de ponta. O campeão de 1976 deveria ter sido Lauda, da Ferrari; mas ele acidentou-se gravemente na Alemanha, ausentou-se por duas corridas e Hunt “roubou-lhe” o triunfo por somente 1 ponto.
Tendo realizado o sonho de infância, Hunt desmotivou-se. Parou de correr em 1979 e tornou-se comentarista. Taça de vinho na mão, deleitava os espectadores da BBC com tiradas politicamente incorretas. Certa vez, quando o piloto francês René Arnoux atribuiu sua própria queda de rendimento a uma mudança de motor, Hunt disse apenas: “Babaquice”. Era odiado no “circo” da Fórmula 1 pelo jeito arrogante e pelo comportamento leviano. Mas quando morreu, de um ataque cardíaco, com apenas 45 anos – horas depois de pedir em casamento a enésima namorada, que tinha metade de sua idade –, os admiradores lamentaram a perda. “Para mim, James foi a personalidade mais carismática que já esteve na Fórmula 1”, disse Niki Lauda.
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